sábado, 21 de abril de 2012

Ney Matogrosso - Secos e Molhados - 1973

5º Ranking Rolling Stones Magazine




1.Sangue latino (João Ricardo, Paulinho Mendonça)
2.O vira (João Ricardo, Luli)
3.O patrão nosso de cada dia (João Ricardo)
4.Amor (João Apolinário, João Ricardo)
5.Primavera nos dentes (João Apolinário, João Ricardo)
6.Assim assado (João Ricardo)
7.Mulher barriguda (Solano Trindade, João Ricardo)
8.El rey (Gerson Conrad, João Ricardo)
9.Rosa de Hiroshima (Gerson Conrad, Vinicius de Moraes)
10.Prece cósmica (João Ricardo, Cassiano Ricardo)
11.Rondó do capitão (João Ricardo, Manoel Bandeira)
12.As andorinhas (João Ricardo, Cassiano Ricardo)
13.Fala (João Ricardo, Luli)

Secos & Molhados é o álbum de estreia do grupo homônimo, lançado em 1973. Unindo a poesia de autores como Vinícius de Moraes, Manuel Bandeira e João Apolinário, pai do idealizador do grupo João Ricardo, com danças e canções do folclore português e de tradições brasileiras, traz as músicas mais famosas do trio, tais como "Sangue Latino", "O Vira", "Assim Assado" e "Rosa de Hiroshima".

O disco, assim como a própria banda, surgiu em meio a um tempo de censura e Ditadura Militar no Brasil, ao que também retrata a liberdade de expressão, o racismo e as guerras. Um fenômeno de vendas para a época, é o LP mais famoso dos Secos e Molhados, aquele que os projetou no cenário nacional e vendeu mais de 1 milhão de cópias pelo país (mais de 1500 só na primeira semana).

O disco inovou o estilo musical da música popular brasileira com um som mais pesado que o usual e com o uso de maquiagem forte na capa, que remete ao glam rock, e desenvolveu gêneros como o pop psicodélico e o folk.

Este trabalho levou o grupo a se inscrever numa categoria privilegiada entre as bandas e músicos que levaram o Brasil da bossa nova à Tropicália e então para o rock brasileiro, um estilo que só floresceu expressivamente nos anos 80.
Além de receber certificação de disco de platina em 1997 da ABPD pelo relançamento em CD, o quinto lugar na Lista dos 100 maiores discos da música brasileira da Rolling Stone Brasil em 2007 e a 97.ª posição no "Los 250: Essential Albums of All Time Latin Alternative - Rock Ibero americano" da Al Borde de 2008 provam que o disco continua a ser popular e criticamente admirado nos dias de hoje

Músicos
Dos músicos listados abaixo, apenas Ney Matogrosso, João Ricardo e Gerson Conrad faziam parte do Secos e Molhados. Marcelo Frias, Sérgio Rosadas, John Flavin, Willi Verdague e Emilio Carrera eram os instrumentistas de apoio do grupo no tempo em que ele estava em formação e tocava na Casa de Badalação e Tédio, casa noturna anexa ao Teatro Ruth Escobar, e por isso participaram da gravação do LP.
Ney Matogrosso – vocal
João Ricardo – violões de 6 e 12 cordas, harmônica de boca e vocal
Gerson Conrad – violões de 6 e 12 cordas e vocal
Marcelo Frias – bateria e percussão
Sérgio Rosadas – flauta transversal e flauta de bambu
John Flavin – guitarra elétrica e violão de 12 cordas
Zé Rodrix – piano, ocarina, acordeão e sintetizador
Willi Verdaguer – contrabaixo elétrico
Emilio Carrera – piano
Ficha técnica por Vinícius Rangel Bertho da Silva.

O Álbum

O álbum é tido como um dos mais inovadores da música popular brasileira e, por conta de seus poemas, atribuiu-se a ele uma riqueza lírica "pouco vista na MPB". Numa época de controle e censura, ao lado de artistas como Walter Franco, Tom Zé, Jards Macalé e Jorge Mautner, o disco do grupo também conseguiu ser criativo e experimental. Segundo o jornalista Felipe Tadeu, "O grupo conseguiu com o seu álbum inicial restaurar a liberdade estética e comportamental no Brasil depois do fim do Tropicalismo, num acinte contra a carranca dos verdugos que ocuparam Brasília e ditaram vetos moralizantes, torturando gente, insuflando a barbárie." Ainda nos dias de hoje o álbum é alvo de estudos, mais recentemente de Affonso Romano de Sant'Anna, sobre a relação entre a escrita do texto da música popular e a poesia moderna brasileira.

Para os jornalistas, o álbum e o próprio Secos e Molhados possibilitaram uma "verdadeira reinvenção da música pop nacional no início dos anos 1970". O disco foi um dos maiores fenômenos pop no Brasil, configurando o rock como ritmo musical em voga na cena cultural brasileira.Os autores consideram que canções como "Sangue Latino", "Primavera nos Dentes" e "Prece Cósmica" tinham o respaldo "da extravagância musical e sonora" e do uso "corriqueiro de figuras de linguagem antes restritas à literatura." Segundo Luhli, a co-autora de "O Vira", "A força maior do Secos e Molhados não foi o Ney rebolando, mas porque era o primeiro disco que barrou a censura [...] Foi um grito de liberdade muito forte numa época de uma lavagem cerebral absurda." Este trabalho fonográfico, que utilizava guitarras e contra-baixos, levou o grupo a se inscrever numa categoria privilegiada entre as bandas e músicos que levaram o Brasil da bossa nova à Tropicália e então para o rock brasileiro, um estilo que só floresceu expressivamente nos anos 80. 

Em 2003, foi lançado o álbum Assim Assado - Tributo ao Secos e Molhados, produzido por Rafael Ramos e lançado pela Deck Disc, numa releitura deste disco de 1973, em homenagem aos 30 anos do grupo, com as mesmas canções cantadas, respectivamente, por Nando Reis, Falamansa, Toni Garrido, Ira!, Eduardo Dusek, Capital Inicial, Pitty, Matanza, Arnaldo Antunes, Raimundos, Pato Fu, Marcelinho da Lua e Ritchie—uma geração pós-Secos e Molhados.

A revista Superinteressante de 2004 realizou uma matéria especial intitulada "Obras Fundamentais da História do Rock Brasileiro" em que escreveu sobre o álbum: "Não há nada no mundo, nem feito antes, nem durante, nem depois, sequer parecido com o Secos & Molhados e o som que o grupo registrou em seu primeiro e antológico álbum. [...] Era pop até não poder mais—desde as canções até ao visual (e a antológica capa do disco, claro). Extremamente bem tocado e gravado, [...] até hoje o frescor de faixas como "Assim Assado", "Fala" e "Sangue Latino" se mantém intacto."

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